quarta-feira, 27 de abril de 2011

DISVERSOS

É hora de cuidar da vida
porque a vida ainda é criança
e não se cuida só.

A culpa, no fim, é toda minha:
foi eu quem acreditou
- tu só contaste a mentira.

Se o amor ainda engatinha
talvez seja hora de ensina-lo a andar, não?

Como não faz falta, na vida
aquilo que realmente não se tinha!

Mais que toda nudez,
toda sinceridade será castigada:
daí porque é melhor calar.

De resto, todo poema é pobre
porque insinua sempre
o que na verdade se queria gritar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Viajante

Deixei o primeiro amor no meio da estrada
imenso, pesado, concreto
insuportável
deixei-o e segui viagem
a pé
aos tropeços.

Deixei o outro amor na beira da estrada
volúvel, volúpia estéril
imprestável
carrega-lo seria um erro
deixei-o e segui viagem
a pé
em sossego.

Deixei pequenos amores pelo caminho
frágeis, inúteis, estranhos
superáveis
tê-los seria atar-me
deixei-os e segui viagem.

Deixei o olhar vagar pela estrada
quase ébrio, quase desperto
distraído com a paisagem;
e tropecei num amor inesperado.
Peguei-o e segui viagem
a pé
com ele nos braços.
 

© 2009BALAIO POÉTICO | by TNB