domingo, 31 de janeiro de 2010

Minhas tardes frias

Minhas tardes frias.

Em tardes frias como estas
já pulei carnavais
suja de confetes, suores e chuva.
Em tardes frias iguais
já fui às praças
deitei na grama, tomei garrafas.
Em outras tardes frias
amei de janelas fechadas
abafando gemidos e risadas.
Vivi algumas tardes frias...
que de tao movimentadas
pareciam aquecidas
com o calor generoso do sol, dos corpos...
Agora, nestas tardes frias atuais
me resta um bom lençol
um vinho tomado só
e o silêncio
repleto do eco
das marchinhas dos antigos carnavais.

Raquel Costa.

Ouça o áudio deste poema:



Baixe o áudio:

http://www.4shared.com/file/212201559/5632d145/Minhas_tardes_frias.html

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A visita

A visita

Sinto-me como partícipe das cenas de um filme.
Uma sucessão de imagens
Misturadas a sons
Vejo clipes saindo da minha memória e conjugando-se com o espaço paradisíaco.
Sol, areia, mar, pescadores.
Pescadores, bailarinos, guitarras.
Arranhas céus e um pé descalço.
Tudo, tudo são imagens.
Imagens, projeções.
Referências de um mundo abstrato ou quem sabe real.
É real?
Que representação ao universo cabe?
As imagens que vejo agora me levam de volta a natureza.
Pura, pura, pura.
E as imagens, lembranças do que ficou.
Despurificam a visita

J.J. Espirito Santo.

Ouça a música feita com esta poesia:

sábado, 16 de janeiro de 2010

Última Flor

“Última flor”

Soldados
Armaduras tinindo
E o gládio
E no peito amordaçado
Lacônico, vernáculo do Lácio
E na memória desbotada
O riso da mulher amada
Vento e caravela
Bruma e calmaria
Dentro da procela
Uma voz tremia
O brado heróico lusitano:
Terra a vista

Otávio Léo Monteiro.

Ouça a música feita com esta poesia:

sábado, 9 de janeiro de 2010

Poema Raquel Costa

Estranho: não tenho sonhos
Nem planos
Passo a vida a viver
Apenas
Sabendo que tudo isto é nada
Embora seja tudo o que tenho
Não consigo me libertar da idéia
De que tudo passa
E que portanto
A vida é apenas uma estrada
Por onde andamos.
As vezes ajudo aos outros
Noutras ignoro
Na maioria das vezes
Sequer me importo
Sou como o vento
Ou como sombra:
Apenas sopro
Apenas passo
E só.


Ouça e baixe o áudio deste poema:Poema da Raquel.mp3


http://www.4shared.com/file/192828158/6a0751f3/Poema_da_Raquel.html

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

CONSIDERAÇÕES SOBRE CAFÉS E CERVEJAS-Tony Leão

(para J. Espírito Santo)

sorvo o café de xícara quente
sorvo o soro
sorvo a substância do café
minha mesa não é quadrada
não apresenta as quatro pontas do quadrado
papel, caneta, lápis, xícara com café
sorvo impávido o café da xícara
(sem me importar muito com os seus sentimentos)
todos os objetos estão inertes
o café, contudo, possivelmente não está preocupado qual será o seu fim
(adianto-vos: será o meu intestino enrugado)
nem tão pouco, estão preocupados os demais objetos
sorvo o café, pois que ele é líquido,
fosse sólido, comê-lo-ia
ou no máximo
pediria uma cerveja gelada ao macaco

07/01/2010

TESES SOBRE O TRIÂNGULO-RETÂNGLO- Tony Leão

(para Raquel Costa e todos aqueles que insistem em querer quase-morrer)

a sombra da minha cabeça
espichada no chão
forma um obscuro triângulo-rtângulo
sugerindo que a qualquer momento
minha cabeça poderia rolar e cair no abismo
contudo, minha cabeça é quase redonda
(com exceção das partes que alertam para as deformidades da espécie) e não caberia naquele buraco obscuro
mas, se mesmo assim empreendesse tal tolice,
minha cabeça,


saberia o triângulo-retangular buraco
que "tudo que é sólido desmancha no ar"
e tudo que é líquido
espatifa no chão rijo

07/01/2010

 

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